O presidente Luiz Inácio Lula da Silva telefonou ontem à noite para o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para se explicar sobre a afirmação de que irá intervir caso as investigações sobre o senador paralisem as votações na Casa Legislativa. Segundo Renan, Lula não adotaria a postura de cobrança sobre o Senado Federal.
"Ele é meu amigo. E ele não iria cobrar nada do Senado Federal. Ele chefia um Poder, eu chefio outro Poder", disse Renan. O senador afirmou que mantém com o presidente uma relação de amizade acima de qualquer "relação político-partidária".
Além de receber o apoio de Lula, o peemedebista disse que também recebeu hoje em seu gabinete o ministro Nelson Jobim (Defesa) e o presidente do PMDB, Michel Temer (SP), que lhe teriam prestado solidariedade.
"Eu hoje recebi visita do ministro Jobim, do presidente Michel Temer, ontem à noite me telefonou o presidente Lula. As coisas estão muito bem. Vou demonstrando a cada dia com documentos, não com discurso, as provas contrárias a essas maledicências que disseram contra mim", afirmou.
Renan reiterou ser inocente das denúncias de que teria recebido dinheiro da empreiteira Mendes Júnior para pagar pensão à jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha.
O senador ainda é acusado de ter feito lobby em prol da Schincariol junto ao INSS depois que a empresa comprou uma fábrica de seu irmão, deputado Olavo Calheiros (PMDB-AL), por um preço acima do mercado. Outra denúncia que pesa contra Renan é a de que teria utilizado "laranjas" para comprar empresas de comunicação em Alagoas.
"Estou absolutamente tranqüilo, respondo pelos meus atos. O que for preciso demonstrar, vou demonstrar. O meu sigilo já foi aberto, eu fiz questão de entregar minhas declarações de Imposto de Renda. Agora chegou a hora de abrir os demais sigilos", afirmou.
Renan defendeu as investigações do STF (Supremo Tribunal Federal) e do Conselho de Ética do Senado sobre as denúncias --instâncias consideradas por ele como "importantes" para a apuração das denúncias.
O senador já responde a processo por quebra de decoro parlamentar no conselho sobre as denúncias relacionadas à empreiteira Mendes Júnior. A Mesa Diretora do Senado também encaminhou nova representação contra Renan para a apuração das denúncias que o ligam à Schincariol. O DEM e o PSDB já protocolaram na Mesa outra representação para que Renan seja investigado pela acusação de suposto uso de "laranjas" em Alagoas.
O senador reiterou que não "teme nada", mesmo com a pressão para se afastar do cargo. "Eu não temo absolutamente por nada. Eu só temo a Deus. Vou fazer tudo como tenho feito para mostrar que a verdade está comigo. Não há uma só prova, uma só aspas no processo. Isso é uma coisa inédita no Parlamento brasileiro", afirmou.
Bate-boca
Renan negou que tenha ameaçado ontem o líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN). Os dois chegaram a bater boca no plenário do Senado depois que Agripino disse que o DEM vai obstruir as votações da Casa enquanto Renan estiver na presidência.
Renan disse que Agripino, que teria uma série de empresas e concessões em Alagoas, não agüentaria a pressão por "nem dois dias" caso estivesse em seu lugar.
"Muito pelo contrário. As pessoas perguntam onde eu vou buscar tanta força. Eu digo que a minha força é do tamanho da minha inocência. Tenho me submetido a uma devassa. Outras pessoas, talvez submetidas à devassa que estou submetido, não agüentassem nem dois dias."
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