segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Presos são esquecidos em regime de pena “provisória” - 2

“30% deles não deveriam estar aqui”

“O preso chega aqui com o ofício da delegacia e só sai com o alvará judicial, que pode nunca chegar”. A frase, do diretor do presídio provisório Ozório Rodrigues, resume o que é a saga de um preso no “Raimundo Nonato”. Uma saga de absurdos, evidente quando Ozório completa o raciocínio: “Posso dizer que 30% das pessoas que estão aqui não deveriam mais estar”.

Diante da Lei, o inquérito sobre um preso é para transcorrer em 81 dias, mas segundo o diretor, esse prazo é irreal. “São situações diferentes. Um sexto da pena pode ser aliviada, mas como os que estão aqui não têm dinheiro para advogados, eles não sabem dos direitos e terminam sem voz. O pior é a gente não poder fazer nada, não temos comunicação com a Justiça”, diz.

A conclusão a que se chega é que muitos presos ficam na cadeia mais tempo do que deveriam e isso gera uma revolta social. “Essa é a pior parte, eles são injustiçados e quando conseguem sair, um dia, vão para as ruas se vingar”, afirma.

A estatística do presídio é que os presos que entram no provisório tem idades entre 19 e 23 anos e vêm de famílias estabilizadas. “Tá tudo errado, as coisas estão se invertendo no nosso País. No final vamos ver que estamos errados e eles os certos. É essa a grande loucura humana hoje. Isso aqui é uma panela de pressão que pode explodir a qualquer momento. O nosso trabalho é equilibrar a água com o fogo, e é muito difícil”, avalia.

O orçamento em média de um preso por mês é de mil até 1.700 reais. E os poucos sistemas que existem de reabilitação dos indivíduos, não chegam no RN.

Fonte: Tribuna do Norte

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