domingo, 18 de novembro de 2007

Mercado negro funciona à luz do dia

Nesse mercado o cliente não chega ao balcão e pede o produto. Tudo acontece na clandestinidade, e à luz do dia. Não é necessário documentação. Mas também não existe nota fiscal da mercadoria.

Um encontro com um conhecido, também chamado de “canal”, uma negociação, e poucas horas depois a compra está efetuada, e o cliente tem à mão a arma desejada. Esse é o mercado negro das armas de fogo em Mossoró, que utiliza principalmente a popular feira do Vuco-Vuco como local de venda, e abastece a criminalidade local.

Resultado disso é o número de apreensões feitas na cidade. Mensalmente, são cerca de 10 armas de fogo apreendidas, segundo dados da Delegacia Regional de Polícia.“As pessoas que compram essas armas são geralmente marginais. Vivem às margens da lei, e encontram no mercado negro uma forma de alimentar suas necessidades”, esclarece o delegado regional Caetano Bauman.

Apesar de um revólver calibre 38 ser comprado até R$ 350,00, sem a necessidade de apresentar nenhuma documentação, somente por meio de uma conversa, para Bauman, acredita que não há muita facilidade na compra. Mas considera o número de apreensões alto.

Somente na Delegacia de Narcóticos (DENARC) de Mossoró, no período compreendido entre janeiro e outubro deste ano foram apreendidas 15 armas de fogo. Sem registro, elas foram encontradas com presos, acusado de praticar tráfico de drogas e assaltos na cidade.

Um exemplo da facilidade no acesso a uma arma no mercado clandestino foi registrado com a prisão de Ailton Pereira da Silva, “vaqueiro”, efetuada na semana passada. Ele possui o perfil do comprador que freqüenta o Vuco-Vuco. Ao ser preso estava com droga e um revólver calibre 38. Com apenas 20 anos, essa era a segunda arma adquirida por ele. Com o primeiro, o rapaz afirma ter matado o padrasto, na cidade de Caicó. “Acertei no olho dele. E olhe que nunca tinha atirado, viu”, afirmou “vaqueiro” durante o depoimento.

A explicação para a origem da arma, ressalta o chefe de investigações da Delegacia Especializada em Furtos e Roubos (DEFUR), Mariozan Pinheiro, é sempre a mesma. “Eles sempre dizem que compraram a arma no Vuco-Vuco. Mas nunca dizem o nome do vendedor. Outra coisa que eles falam é que adquiriram com um caminhoneiro. Não se sabe aonde”, detalha Pinheiro.

Pelo fato da venda funcionar com base em negociação prévia e através de conversas, as “batidas policiais” nunca resultam em prisão e apreensão das armas na feira do Vuco-Vuco. “As armas são vendidas lá. São conseguidas lá. Mas não ficam permanentemente no local. Então é complicado quando a gente procura. Eles sempre combinam o negócio, e depois é que a arma aparece”, frisa o chefe de investigação da Defur.

Fonte: De Fato

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