quarta-feira, 13 de maio de 2009

Temporão: a vacina contra a gripe H1N1 pode demorar

 

Há muita especulação e pouca certeza, sabemos algumas coisas, mas não o que pode acontecer_ foi o alerta do ministro da Saúde, José Gomes Temporão, se referindo ao controle da gripe Influenza A (H1N1), chamada de gripe suína. O ministro fez uma descrição detalhada sobre a doença e as providências que estão sendo tomadas pelo governo brasileiro, em audiência pública convocada pela presidenta da CAS, senadora Rosalaba Ciarlini (DEM-RN) e pelo senador Papaleo Paes (PSDB/AP).

Temporão explicou que ainda não há informações sobre o comportamento do novo vírus, transmitido pelo contato de uma pessoa à outra. Até esta quarta-feira foram confirmados casos nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. O ministério acompanha outros 22 casos suspeitos nestes estados e no Distrito Federal, Pernambuco, Alagoas, Ceará e Rondônia e 164 casos já foram descartados em todo o país. No estado do Rio Grande do Norte, cinco casos ainda estão sendo monitorados e sete outros foram descartados. Pelos critérios da Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil está enquadrado no estado de alerta 5 (nível para continentes que têm mais de 2 países com casos de transmissão) e está abaixo da fase 6, quando o número de casos já caracteriza uma pandemia.

A transmissão do vírus no Brasil ainda é limitada, ao contrário do México, Estados Unidos e Canadá, onde a transmissão é considerada sustentada. A letalidade entre casos e óbitos confirmados, segundo os últimos dados divulgados esta semana, é de 1,2% no mundo; 3,3% no México, 0,4% no Canadá e 0,1% nos Estados Unidos. Os 8 casos brasileiros confirmados são de adultos jovens e uma criança. Para todos os casos, está sendo realizado o monitoramento de todas as pessoas que estabeleceram contato próximo com os pacientes.

Segundo a OMS, houve redução da letalidade na última semana e o ministro da Saúde garantiu que Brasil está preparado para combater o vírus H1N1, porque montou uma estrutura estratégica da rede de vigilância, incluindo 22 Centros de Informações Estratégicas e Resposta em Vigilância em Saúde (Rede CIEVS), que desenvolvem atividades de manejo de crises agudas. Em 2003, o governo brasileiro constituiu o comitê técnico para a elaboração do plano de preparação brasileiro para o enfrentamento de uma pandemia de influenza, focado em aspectos como o fortalecimento da vigilância epidemiológica e da rede de laboratórios do País e apostou no investimento para a fabricação da vacinas contra a gripe, a manutenção da rede de alerta para o aparecimento de novos vírus e a capacitação de técnicos das vigilâncias epidemiológicas dos estados.

O país hoje possui uma Rede Nacional de Diagnóstico de Influenza implantada nos Laboratórios Centrais de Saúde pública de todos os estados e DF e, ainda 2 laboratórios de Fronteiras. Só três laboratórios de referência estão capacitados para examinar as amostras suspeitas do vírus: o Instituto Evandro Chagas (PA), Instituto Adolf Lutz (SP) e Fundação Oswaldo Cruz (RJ) . Os três são credenciados pela OMS e levam até 72h para realizar o diagnóstico. _São suficientes para atender a demanda do país_ garantiu o ministro.

A senadora Rosalba Ciarlini, preocupada com a transmissão da doença nas fronteiras terrestres e nos portos, quis saber como serão controlados os casos assintomáticos da gripe e se os recursos disponíveis são suficientes para conter um eventual aumento de casos. O ministro respondeu que a verba suplementar de R$ 141 milhões é o bastante neste momento e que o ministério está cumprindo todo o protocolo da OMS.

Temporão fez um alerta à população, para que evite a automedicação e criticou os médicos que defendem a venda do tratamento contra a Influenza A nas farmácias e drogarias. O ministro explicou que o uso indiscriminado do remédio, poderia causar a resistência do vírus H1N1. Ele lembrou que as pesquisas de uma nova vacina ainda podem demorar e os testes de um primeiro lote levariam, no mínimo, seis meses, para serem realizados e garantidos.

O ministro expôs ainda os números e as ações do ministério para combater a dengue e a malária e as metas do Programa Mais Saúde. Os senadores da CAS lembraram que o Brasil investe apenas 8% do Produto Interno Bruto (PIB) em saúde, enquanto em outros países, este percentual é bem maior como na Argentina (16%) e no México (24%).

A CAS continua debatendo a saúde pública durante todo o mês de maio. A presidenta da Comissão, senadora Rosalba Ciarlini, anunciou que entre os temas das próximas audiências públicas estão a saúde mental, os idosos no Sistema Único de Saúde (SUS), o impacto da reforma tributária, a assistência social e a saúde materna.

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