quinta-feira, 12 de julho de 2007

Em protesto, Movimentos lavam calçada da Câmara Municipal

Em protesto, Movimentos lavam calçada da Câmara Municipal

Munidos de vassouras, baldes e aventais, estudantes, militantes e ativistas dos movimentos sociais iniciaram por volta das 14h30 desta quinta-feira um ato público, na Câmara Municipal de Natal. A `Operação Faxina´ vai lavar o chão da Câmara, mostrando a indignação da sociedade e exigindo a continuidade das investigações para apuração da origem dos recursos pagos aos vereadores e a anulação da votação dos vetos do Prefeito ao Plano Diretor de Natal.

As entidades pedem a cassação dos mandatos dos vereadores comprovadamente envolvidos nas denúncias feitas pelo Ministério Público. Os movimentos sociais que organizam o protesto publicaram nota à imprensa esta manhã manifestando apoio à Operação Impacto realizada pelo Ministério Público e Polícia Civil.

Desencadeada durante todo dia de ontem (11), a ação integrada das polícias fechou a Câmara Municipal durante a manhã de quarta e realizou buscas e apreensões nps gabinetes e nas casas dos vereadores. Oito foram "investigados" na operação comandada pelo Ministério Público, que acusa os vereadores de terem recebido propina para manterem os vetos do prefeito à emenda e apreendeu documentos e quantias em dinheiro que juntas somavam mais de R$ 90 mil.

Durante a manhã, cerca de 20 pessoas, comandadas pelo padeiro Antônio Sotero, estenderam uma faixa preta de seis metros de comprimento e colocaram na frente do prédio em sinal de luto. Além disso, Sotero, que estava com um saco de moedas na mão, ficou as jogando para cima, relacionando a suposta corrupção dos vereadores.

Nota dos movimentos sociais em apoio à Operação Impacto

Nós, entidades e movimentos abaixo assinados, manifestamos publicamente nosso apoio à OPERAÇÃO IMPACTO realizada pelo Ministério Público, Polícias Federal e Civil do Rio Grande do Norte, que investiga o recebimento de propina por parte de alguns vereadores durante a votação do Plano Diretor de Natal.

Acreditamos que, a partir de agora, o debate público sobre as emendas ao Plano Diretor de Natal assume uma perspectiva coerente, tecnicamente pautada pela preservação da qualidade de vida na cidade e que esteve fortemente ameaçada por interesses particulares e escusos. O cenário que cercou a votação do Plano Diretor na Câmara Municipal foi marcado por informações, nos principais jornais da cidade, que insinuavam a existência de uma “bancada do concreto”; pela arrogância de alguns vereadores e pelo silêncio inexplicável de outros durante o debate; pela tentativa de barrar a presença dos movimentos sociais e entidades da sociedade civil organizada na Casa do Povo; pela tentativa de desqualificar o Ministério Público, a UFRN e demais instituições que argumentavam tecnicamente a favor dos vetos; pela indignação da sociedade, expressa na batucada do Movimento Passe Livre, no apitaço dos jovens do DCE/UFRN, na valentia do Movimento de Luta de Bairros e Favelas e de mulheres, no choro de integrantes de organizações não-governamentais presentes na Câmara durante a votação. Atitudes estas que expressaram a indignação de uma cidade inconformada com os desmandos da Câmara, vendo seus destinos decididos por 14 pessoas que traíram o seu voto.

Avaliamos que por trás da intransigente e truculenta posição de alguns vereadores existe um forte esquema em defesa dos interesses dos empresários da construção civil, que não têm demonstrado compromisso com o bem-estar da população da cidade do Natal. Segmento este com forte expressão na economia do Estado e que desde o início das discussões vem efetuando lobby na elaboração do Plano Diretor de Natal, em busca de maiores lucros, quando se trata de garantir o direito coletivo ao uso da cidade e não o interesse de grupos econômicos privados.

Em vista disso, exigimos:a continuidade das investigações para apuração da origem dos recursos pagos aos vereadores; a anulação da votação dos vetos do Prefeito ao Plano Diretor de Natal; a cassação dos mandatos dos vereadores comprovadamente envolvidos nas denúncias feitas pelo Ministério Público.

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