terça-feira, 11 de setembro de 2007

Pacientes sofrem sem neurocirurgião

Desde o último dia 4 o Hospital Regional Tarcísio Maia (HRTM) não dispõe de neurocirurgião. Os pacientes passam por uma espécie de triagem. Os que necessitam com urgência do atendimento são transferidos para Natal. Já os casos de menor gravidade, mas que também inspiram cuidados, precisam aguardar até uma semana na fila de atendimento.

Josué Ferreira de Brito, 22, está internado desde a última terça-feira, 4, aguardando a presença de um neurocirurgião. Morador do Sítio Hipólito, ele sofreu um acidente de moto, e está com o rosto marcado por ferimentos. Josué recebeu a notícia de que será atendido somente amanhã, quando o médico plantonista noturno está escalado. “Só recebi a medicação. Mas preciso saber se tem alguma coisa na minha cabeça. Mas disseram que só vou saber amanhã, quando o neurocirurgião vai voltar”, desabafa o jovem.A adolescente que trafegava com Ferreira no momento do acidente, que se encontra em estado mais grave, foi transferida para Natal. Não resistiu aos ferimentos e morreu ontem.

A problemática da deficiência de neurocirurgião aumentou depois que o médico responsável pelos plantões diurnos pediu atestado. O retorno ao trabalho está marcado para o próximo dia 15. Mas um novo pedido de atestado não é descartado.

Atualmente, somente dois profissionais desta especialidade trabalham no maior hospital do interior do Estado. A média mensal é de 130 atendimentos a pacientes que necessitam do serviço. Em geral, são casos de Traumatismo Craniano Encefálico (TCE), e Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC).No período noturno, o quadro é ainda pior.

Dos 30 dias do mês, apenas dois são cobertos pelo atendimento de um neurocirurgião. A situação crítica da falta do profissional é reconhecida pela direção do Tarcísio Maia. O diretor administrativo da unidade hospitalar, Valmir Alves, diz que o cenário é preocupante, mas segundo ele, o déficit de profissionais desta área ocorre em todo o município. “Essa ausência gera transtorno. Mas temos que lidar com essa carência de neurocirurgião, que acontece em toda Mossoró”, esclarece Valmir Alves.

A insuficiência de neurocirurgiões, explica ele, é de conhecimento da Secretaria Estadual de Saúde Pública. Ele lembra que, devido ao problema, no início do ano foi realizado um concurso público para a especialidade. Nenhum profissional se inscreveu para concorrer às vagas oferecidas. Não há previsão de novas contratações.

O déficit de neurocirurgiões no Hospital Regional Tarcísio Maia é antigo. De acordo com o diretor administrativo, o assunto tem sido debatido constantemente, principalmente com o Ministério Público Estadual. Mas até o momento, nenhuma medida mais enérgica foi adotada no hospital.

Fonte: De Fato

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