A decisão de Renan Calheiros (PMDB-AL) de se afastar da presidência do Senado por 45 dias não garante sua volta ao posto. A avaliação é que Renan não tem mais condições de presidir o Senado, assim que sua licença terminar, no dia 26 de novembro.
"O senador Renan Calheiros perdeu as condições de voltar a presidir o Senado e o futuro de seu mandato depende da consistência das acusações e da capacidade de defesa que ele venha a apresentar até o julgamento das representações, o que deverá ocorrer até 2 de novembro", afirmou ontem o senador Aloizio Mercadante (PT-SP), em nota divulgada por sua assessoria de imprensa.
"O senador Renan só tem condições de voltar a presidir o Senado se for inocentado em todos os processos que responde no Conselho de Ética", disse o senador Renato Casagrande (PSB-ES) que, como Mercadante, é da base aliada do governo. Até agora, os partidos da coalizão vinham sustentando Renan.
Mercadante fez um discurso decisivo a favor da manutenção do mandato do senador de Alagoas, na sessão do dia 12 de setembro, que o julgou por quebra de decoro parlamentar por ter suas despesas pessoais pagas por um lobista da empreiteira Mendes Júnior. Agora, no outro lado, Mercadante disse que o afastamento de Renan "não resolve a grave crise" nem altera "o processo de julgamento de quatro denúncias referentes à quebra de decoro parlamentar que estão no Conselho de Ética".
Para Casagrande, o afastamento de Renan não põe fim à crise, mas "o Senado passa a respirar sem a ajuda de aparelhos". Ele argumentou ainda que as chances agora de Renan salvar seu mandato ficaram menores. "Ele (Renan) perdeu o timing. Deveria ter se afastado do cargo quando foi absolvido pelo plenário do Senado. Teria tido mais possibilidade de salvar o mandato de senador", disse Casagrande.
Reintegrado à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), depois de ter sido afastado por influência do presidente do Senado, o senador Jarbas Vasconcellos (PMDB-PE) também não vê condições para Renan voltar a presidir o Senado daqui a 45 dias. Para o peemedebista, seu colega de partido deveria ter se afastado da presidência há um mês, quando o clima no "Senado não estava tão degradado". "Não tem condições de o Renan permanecer à frente do Senado. O clima apodreceu", sentenciou Vasconcelos.
"Agora, se ele vai ficar com o mandato é outra coisa", completou o senador ao lembrar que há um acordo para que os relatórios dos processos contra Renan no Conselho de Ética sejam concluídos até o dia 2 de novembro.
Fonte: Tribuna da Imprensa
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