terça-feira, 27 de novembro de 2007

Bispo retoma greve de fome contra transposição do rio São Francisco

O bispo de Barra (BA), d. Luiz Flavio Cappio, retomou nesta terça-feira (27) a greve de fome contra o projeto de transposição das águas do rio São Francisco. A diocese da Barra confirmou que o religioso está fazendo "jejum e oração" na igreja de São Francisco, em Sobradinho (BA), às margens do rio. D. Cappio é contra o projeto do governo para transportar as águas do rio São Francisco, obra que beneficiaria o Rio Grande do Norte.

Esta é a segunda vez que d. Cappio protesta contra o projeto de transposição do governo federal. Em 2005, o religioso realizou uma greve de fome de 11 dias contra a transposição.

D. Cappio encerrou o primeiro protesto no dia 6 de outubro de 2005 após um encontro com o então ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Jaques Wagner, atual governador da Bahia pelo PT. Na ocasião, Wagner entregou ao religioso uma carta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O governo propôs na época o prolongamento do diálogo sobre o projeto.

Lamento

O ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional), responsável pelo projeto da transposição, lamentou a atitude do bispo e disse que pediu ao governador Jaques Wagner que coloque médicos à disposição de d. Cappio. "Lamento profundamente que d. Cappio tenha enveredado por esse caminho", afirmou o ministro, ao ressaltar que a posição do bispo não é a mesma da igreja.

Geddel disse que assim que tomou posse, em março deste ano, telefonou para d. Cappio convidando o religioso para "uma conversa" sobre o projeto do rio São Francisco, mas o ministro disse que não teve resposta. "Também percorri todo o rio, da nascente à foz, e quando cheguei a Barra [onde fica a diocese de d. Cappio], o bispo não estava. Estamos abertos ao diálogo sempre, mas à imposição, não. [...] O diálogo não pode impedir que políticas públicas sejam implementadas", comentou o ministro.

Como católico praticante, Geddel entende que o papel da igreja e de d. Cappio é aconselhar e pastorear os fiéis, "mas eles não têm legitimidade para governar". "Não trabalhamos com atitudes que tangenciam a chantagem emocional", reagiu.

Fonte: Folha Online

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