quarta-feira, 16 de julho de 2008

Governo Lula esquece vítimas das enchentes no RN

Apesar dos estragos causados pelas fortes chuvas no interior do Rio Grande do Norte neste ano, o Governo Federal ainda não liberou a ajuda prometida aos municípios atingidos. Os danos prejudicaram drasticamente setores econômicos estratégicos como a fruticultura, a carcinicultura e a indústria do sal. Além da destruição de estradas, isolando o comércio e comunidades em diversas regiões do estado. Segundo o Governo Estadual, a demora se deve à modificações exigidas pelo Mininstério da Integração Nacional encaminhados pelas prefeituras interessadas.

Representantes dos setores produtivos citados chegaram a se reunir em maio em busca de apoio político e para cobrar ‘‘soluções rápidas’’ para reaverem os prejuízos considerados por eles ‘‘incalculáveis’’. Nas cheias, perdeu-se tanto produção quanto equipamentos.

Algumas empresas de carcinicultura tiveram que passar por um processo de demissões. Os municípios com a maior quantidade de demitidos foram os da região de Pendências, Carnaubais, Porto do Mangue e Macau.

Na fruticultura, a empresa exportadora de bananas Del Monte dispensou cerca de 1.400 pessoas, o que representa quase metade do que empregava no RN. O plano de recuperação de quatro de suas 12 fazendas no estado foi descartado por perda total de produto e material. As principais áreas de produção de fruticultura atingidas foram o Vale do Assu, Ipanguaçu, Baixo Assu e Alto do Rodrigues.

Os investimentos em infra-estrutura, incluindo a construção de pontes e estradas. Durante uma audiência pública no dia 9 de junho na Assembléia Legislativa, os produtores entregaram uma carta ao presidente Robson Faria. Já na ocasião eles reclamaram da demora para saírem as medidas de assistência.

Só promessa e cesta básica

Desde abril, as cidades que decretaram estado de emergência receberam apenas alimentos para as famílias desabrigadas. ‘‘Aqui só chegou cesta básica e muita promessa’’, revelou o prefeito de Apodi, José Pinheiro Bezerra, que contabilizou um prejuízo de R$ 40 milhões no município. ‘‘Nós estamos administrando o que se pode. Até agora a gente só escutou muita promessa e o povo continua sofrendo’’, disse.

De acordo com José Pinheiro, muitas famílias continuam desabrigadas e a prefeitura ajuda como pode, utilizando a verba que tem em caixa para resolver situações de emergência. A documentação solicitada pelo Governo do Estado, discriminando todo o prejuízo, já foi refeita e entregue, pelo menos, cinco vezes ao Gabinete de Crise, criado na época. Para ele, a ajuda prometida não vai chegar tão cedo. ‘‘Agora que tá em período eleitoral é que eu não tenho fé mesmo. A gente não tem a quem apelar’’, desabafou.

O sentimento é compartilhado com o prefeito de Assu, Ronaldo Soares, que revelou estar ‘‘tudo do mesmo jeito’’. ‘‘Até hoje não recebi nem convite para participar de reunião. Em Assu não chegou ajuda financeira, apenas feira’’, disse. Com os recursos que a prefeitura tem em caixa, alguns serviços estão sendo realizados na cidade, como a reestruturação de estradas. Entre as famílias desabrigadas muitas permanecem em abrigos, alguns se mudaram para casa de parentes até que suas sejam reconstruídas.

‘‘Eu fico triste com a situação porque só o município de Assu contribui com R$ 104 milhões em impostos para o Governo do Estado e até agora eles não resolveram nada’’, observou, dizendo que a prefeitura chegou a pagar a estadia do Corpo de Bombeiros na cidade.

Para o prefeito Ronaldo Soares, o problema seria resolvido se as autoridades federais tivessem presenciado a situação de calamidade enfrentada pelo estado. ‘‘Eu falei várias vezes que tinham que trazer o presidente Lula para ver a situação de perto porque o Governo não ia acreditar em relatório. Infelizmente isso está acontecendo.’’

AJUDA

De acordo com o secretário de Estado da Justiça e da Cidadania (Sejuc), Leonardo Arruda, a ajuda esperada pelos 65 municípios que decretaram estado de emergência não foi liberada ainda porque o Ministério da Integração Nacional exigiu modificações nos documentos encaminhados pelas prefeituras. No último sábado, o Governo do Estado publicou no Diário Oficial dois decretos para anunciar a assinatura do convênio que vai viabilizar a liberação dos recursos.

No domingo passado, um técnico do Governo do Estado foi à Brasília entregar o decreto global, solicitado pelo Ministério e que reúne no mesmo documento informações sobre todos os municípios atingidos pela chuva. Além da recuperação das cidades, o decreto solicita a recuperação da malha viária e de alguns poços que foram danificados. Mesmo assim, não há previsão para liberar os recursos.

Fonte: Diário de Natal

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