quinta-feira, 17 de julho de 2008

Ouça trechos da reunião da PF sobre saída de delegado da Satiagraha

A Polícia Federal decidiu divulgar trechos do áudio da gravação do encontro da cúpula da direção-geral da instituição, na última segunda-feira, em São Paulo, que discutiu o afastamento dos delegados da Operação Satiagraha Protógenes Queiroz, Karina Murakami Souza e Carlos Eduardo Pelegrini Magro. Os trechos repassados pela PF somam pouco mais de quatro minutos e foram editados. A PF não divulgou a íntegra do áudio da reunião, que durou quase 3 horas.

Inicialmente, a PF havia informado que não divulgaria as gravações. Mas voltou atrás depois de analisar o áudio. A Folha Online apurou que a PF considerou que havia trechos da gravação que poderiam ser divulgados por esclarecer a saída de Protógenes das investigações. As gravações foram divididas em três trechos. De acordo com a PF, são trechos aleatórios e editados pela instituição.

Os áudios contêm as vozes de Protógenes, do diretor de combate ao crime organizado da PF de Brasília, Roberto Troncon Filho e o superintendente em São Paulo, Leandro Coimbra, e outros seis delegados federais. Num dos trechos, Protógenes afirma que não pretende reassumir o inquérito nem depois de concluir o curso que fará --motivo de seu afastamento.

A decisão de divulgar os trechos da gravação foi tomada durante reunião nesta quinta-feira entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro da Justiça, Tarso Genro, e o diretor-interino da Polícia Federal, Romero Menezes --esse último substitui o diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa, que está em férias--, apurou a Folha Online.

A reunião foi convocada extra-agenda oficial do presidente e ocorreu no momento em que o presidente pressiona para que o delegado Protógenes Queiroz continue no comando da operação.
Ontem, Lula cobrou de Protógenes a permanência na Operação Satiagraha e explicações sobre as insinuações de que foi pressionado a deixar a ação policial. Segundo o presidente, o delegado tem obrigação moral de continuar no caso. "Moralmente esse cidadão [Protógenes] tem de continuar no caso até terminar esse relatório e entregar ao Ministério Público. A não ser que ele não queira. O que não pode é passar insinuações", afirmou Lula, após cerimônia no Palácio do Planalto. "Vender a idéia de que foi afastado é no mínimo de má fé. Não sei se ele falou ou não. Eu li isso hoje", afirmou.

Tarso disse que o delegado saiu por sua própria iniciativa e disse ser favorável à sua permanência no comando das investigações. "O delegado só não ficou fazendo o inquérito porque não quis. Manifestou em diálogo com superiores a sua vontade de sair. A saída do delegado é uma iniciativa dele. Não há nenhum tipo de iniciativa dos diretores da Polícia Federal, dos seus superiores, que determinassem a saída dele. Até esta saída dele, na minha opinião, não é conveniente", afirmou Tarso.

Aos amigos, Protógenes afirmou ter se sentido enfraquecido depois que Paulo Lacerda, ex-diretor da PF, deixou a polícia para assumir a Abin (Agência Brasileira de Inteligência). Reportagem publicada hoje pela Folha mostra que a saída de Protógenes provocou um racha na Polícia Federal.

Em nota oficial divulgada nesta quarta-feira, a PF nega a versão de que o Queiroz teria sido "forçado" a se afastar do comando das investigações. A PF sustenta que o delegado pediu, em maio, para ser matriculado no curso superior da instituição que terá início do dia 21. Por este motivo, o delegado teve que se afastar da operação. O delegado teria sugerido continuar nas investigações aos "sábados e domingos" para freqüentar o curso nos demais dias da semana, mas o pedido não foi acatado pelos diretores da PF.

Fonte: Folha Online

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