terça-feira, 19 de agosto de 2008

Jungmann pede acareação entre Protógenes e Dantas na CPI dos Grampos

O deputado Raul Jungmann (PPS-PE) protocolou requerimento nesta terça-feira na CPI das Escutas Clandestinas da Câmara com o pedido de realização de acareação entre o delegado Protógenes Queiroz e o banqueiro Daniel Dantas, do grupo Opportunity. Jungmann é integrante da CPI.

Como os dois apresentaram à comissão versões distintas sobre os rumos da Operação Satiagraha, da Polícia Federal, o deputado quer colocá-los frente a frente para esclarecer pontos "contraditórios" dos depoimentos.

"Algumas pessoas estranharam o fato de fazermos acareação entre o investigador [Protógenes] e o investigado [Dantas]. Mas isso não é limitação. Para a CPI, ambos são testemunhas que podem colaborar com os trabalhos", disse Jungmann.

Segundo o deputado, Dantas se colocou à disposição da CPI para participar de uma eventual acareação com Protógenes. O delegado, por sua vez, disse por meio do seu advogado estar disposto a ficar frente a frente com Dantas para esclarecer acusações feitas pelo banqueiro sobre a conduta da PF na Operação Satiagraha.

O advogado de Protógenes, Renato Andrade, disse à Folha Online que o delegado poderá esclarecer afirmações de Dantas na CPI se a acareação for aprovada pelos integrantes da comissão. "Se a CPI definir pela acareação, será a oportunidade do delegado esclarecer o episódio frente a frente com o Daniel Dantas. Não é interesse dele [Protógenes] a acareação. Mas se definirem que ela deve ocorrer, é a oportunidade dele explicar afirmações que não são verdadeiras", disse Andrade.

Em seu depoimento à CPI, Dantas disse que Protógenes teria lhe afirmado estar disposto a "ir até o fim" na Operação Satiagraha, da Polícia Federal --o que incluiria investigar o filho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O advogado afirmou que as afirmações de Dantas são falsas e têm como objetivo "desmerecer" o delegado Protógenes nas investigações. "É uma tática interessante de uma pessoa que quer desmerecer a outra. Nenhum pai gosta de saber que alguém está investigando seu próprio filho. Foi uma tentativa de criar uma situação de antagonismo entre o delegado e o presidente", afirmou o advogado.

Em entrevista à Folha, Protógenes disse que o banqueiro Daniel Dantas pretende "tumultuar" os processos judiciais que apuram supostas gestão fraudulenta e corrupção de policiais federais atribuídos a Dantas e ao grupo Opportunity.

No depoimento à CPI, o banqueiro afirmou que o delegado lhe disse, na carceragem da PF em São Paulo, que pretendia investigar a venda da Brasil Telecom para a Telemar --o que incluiria Fabio Luís Lula da Silva, conhecido como Lulinha.

A Telemar é suspeita de injetar R$ 5 milhões na empresa Gamecorp, de propriedade de Fabio Luís. Em 2004, a Telemar investiu o montante para virar sócia minoritária da Gamecorp. O valor correspondia a 96% do capital social da empresa, que era de R$ 5,2 milhões.

Fonte: Folha Online

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