quinta-feira, 4 de setembro de 2008

PF investiga se agente da Abin driblou função e fez escuta, diz senador grampeado

Depois de prestar depoimento por mais de uma hora aos delegados da Polícia Federal que investigam as denúncias de grampos clandestinos contra autoridades dos três Poderes, o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) disse nesta quinta-feira acreditar que a principal linha de investigação da PF seja considerar que as escutas telefônicas tenham sido realizadas pela Abin (Agência Brasileira de Inteligência).

O democrata afirmou que, apesar dos delegados trabalharem com outras hipóteses, têm como "foco principal" a denúncia de que a Abin realizou os grampos. "O foco principal é que contam com a possibilidade de ser algum espião da agência desviado de suas funções", afirmou.

Demóstenes teve uma conversa com o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes, flagrada por grampos telefônicos. O senador confirmou a conversa com Mendes, realizada do telefone fixo do seu gabinete.

Segundo Demóstenes, como Mendes estava em um telefone celular, é mais fácil que o aparelho móvel do presidente do STF tenha sido grampeado.

Demóstenes disse, porém, que a Polícia Federal tem as mesmas linhas de investigação que foram cogitadas pelo ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), general Jorge Felix.

Em reunião com Demóstenes no Palácio do Planalto, o general teria afirmado que os grampos podem ter sido realizados por agentes da Abin sem autorização da agência, ou mesmo por empresas privadas de escutas clandestinas.

Felix também teria mencionado a possibilidade do banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity, ter grampeado o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes.

Os delegados da PF, porém, não citaram o nome de Dantas durante o interrogatório ao senador.

"Eles não mencionaram o nome do senhor Dantas, mas não podem descartar a hipótese de uma telefônica ter realizado escutas clandestinas. Todos nós acreditamos que tenha havido desvios na Abin", afirmou.

Os delegados Rômulo Berredo e Willian Morad, responsáveis pelo inquérito dos grampos, ouviram Demóstenes em seu gabinete por uma hora e meia nesta manhã, a portar fechadas. Os dois deixaram as dependências do Senado sem falar com a imprensa.

Fonte: Folha Online

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