segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Com roupas pretas e bolo, bancários comemoram BB no 15º dia de greve

Roupas pretas, bolo e protestos marcaram as comemorações dos 200 anos de fundação do Banco do Brasil, realizada na tarde desta segunda-feira (13) na agência do Centro da Cidade, por parte dos bancários grevistas. Completando amanhã 15 dias ininterruptos de paralisação a categoria permanece firme e espera que haja uma negociação ainda esta semana com a Fenaban, na greve que é nacional e que caminha nos mesmos moldes da paralisação de 2004, quando durou 29 dias - considerada a maior greve dos bancários. Reivindicando 31% de reajuste salarial - referentes às perdas acumuladas desde julho de 1994, a categoria só conseguiu no dia 24 de setembro, sete dias antes de deflagrar a greve, uma contra-partida de 7,5%. De lá até hoje, não houve mesa de negociação.

Dividida, a categoria representada pela Central única dos Trabalhadores (CUT) pede um reajuste menor, de 13,31% (referentes à inflação mais 5% de produtividade). Mesmo assim, os banqueiros não ultrapassaram o percentual de 7,5. De acordo com o diretor financeiro do Sindicato dos Bancários do RN, Juvêncio Hemetério, o fato de ainda não ter ocorrido negociação tem a ver com a estratégia de se tentar ``enfraquecer'' o movimento, e ``vencer os bancários pelo cansaço, criando insegurança''. ``Mas essa semana estamos caminhando para a paralisação no interior dos Estados. Aqui no nosso, a categoria está sinalizando fazer greve na região do Seridó'', disse ele.

Os impactos com a greve existem, segundo Juvêncio, porque não estão acontecendo negociações financeiras, nem atendimentos a clientes especiais. E isso causa prejuízo aos banqueiros. Ele acredita que o prejuízo à população é pouco já que existem serviços disponíveis, como o auto-atendimento nos caixa eletrônicos, assim como serviços via internet e casas lotéricas. Com relação a como será o atendimento aos usuários pós-greve, Juvêncio assegurou que os atrasos não têm a profundidade como quando há uma greve dos correios, por exemplo, no qual há encalhe de correspondências. ``Os bancários têm um trabalho que não é acumulado para o dia seguinte. As demandas daquele dia são resolvidas naquele dia. A não ser as metas absurdas que eles têm de cumprir, não haverá grandes danos ao atendimento, assim que acabar a paralisação'', disse ele.

Aborrecimentos

Porém, não é bem assim que os usuários de bancos estão vendo a situação que já entra na terceira semana. O aposentado Jorge da Costa Silveira, 69, estava na agência da Caixa Econômica do Centro hoje pela manhã vendo se conseguiria resolver uma pendência. ``Além dessa preocupação, semana passada tive de passar três dias para poder receber meu dinheiro da aposentadoria, por conta do limite nos caixas eletrônicos'', reclamava ele. O técnico em enfermagem Nivaldo Salustino, que aguardava numa fila relativamente tímida para uma segunda-feira pela manhã, para consultar o caixa eletrônico, disse que a greve estava começando a preocupá-lo. ``Tenho amigos que já estão com contas atrasadas. Isso é muito errado, os banqueiros não de disponibilizam a resolver e nós - mais pobres - é quem somos mais penalizados'', reconhecia ele.

A funcionária pública Leiry Etânia Correia, 42, foi mais além, ela disse que é como se o país estivesse vivendo numa revolução de 1930. ``Enquanto isso, nosso presidente da república, vai para a televisão dizer que não estamos vivendo problemas. É o Brasil o país das maravilhas'', criticou.

Fonte: DN Online

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