quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Detento repassava droga e celulares dentro do presídio

O detento João Batista de Carvalho, conhecido como “Burguesa”, foi flagrado por agentes penitenciários do Presídio de Alcaçuz, na manhã da última segunda-feira, com cerca de 600 gramas de maconha. O detento, que trabalha dentro da penitenciária entregando quentinhas para os demais presos, estava andando pelo presídio com uma sacola plástica, em atitude suspeita, quando foi abordado. Com ele foram apreendidos seis aparelhos celulares e a droga. O apenado afirmou que a maconha seria entregue a Paolo Quaranta, de 56 anos, e Simone de Rossi, 31 anos, italianos presos em Alcaçuz há cerca de três anos pela Polícia Federal, no escândalo envolvendo a antiga ‘‘Ilha da Fantasia’’, acusados de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e tráfico de mulheres para a Europa. Ele seriam membros da máfia italiana ‘‘Sacra Corona Unita’’.

Os três foram levados para a Delegacia de Plantão da Zona Sul, onde João Batista negou a primeira versão e assumiu sozinho a propriedade da droga, sendo autuado em flagrante, por tráfico de drogas. Os italianos serão investigados. Em seguida, todos retornaram para o presídio. João Batista irá sofrer sanção disciplinar por 30 dias. Os dois italianos encontram-se em celas isoladas, em Alcaçuz. Um procedimento de sindicância será aberto para apurar os responsáveis pela entrada da droga no presídio. A ocorrência da prisão dos dois italianos levou à denúncia de que eles estariam recebendo diversas regalias dentro do Presídio de Alcaçuz, inclusive recebendo prostitutas.

SINDICÂNCIA

O coordenador da Administração Penitenciária (Coape), Capitão José Deques Alves, afirmou que um procedimento disciplinar será aberto para apurar a procedência da droga e se houve participação de agentes ou policiais na sua entrada. ‘‘Essa quantidade de droga é considerável. Temos que averiguar como esse preso recebeu a droga e de quem’’. O secretário de Justiça e Cidadania, Leonardo Arruda, afirmou que apreensões de droga ‘‘são rotinas dentro de presídios’’. Ele reforçou a instauração do procedimento administrativo e as demais medidas administrativas tomadas até o momento. ‘‘Vamos investigar a fundo como essa droga entrou em Alcaçuz, se houve facilitação por policiais, conivência por parte de funcionários, se foi uma revista mal feita’’.

Sobre as supostas regalias, José Deques afirmou que isso também será averiguado, pois o tratamento deve ser igualitário para todos. ‘‘Tivemos notícias de que isso aconteceu quando a quadrilha foi presa e ainda estavam todos reunidos, mas separamos esses italianos, quatro deles estão num presídio federal em Mato Grosso do Sul e não tivemos mais notícias de fatos dessa natureza’’. Ele lembrou que os dois italianos, embora não tenham sido autuados, foram afastados do trabalho na cozinha do presídio. Segundo apurou junto a funcionários e outros presos, os italiano estariam sem dinheiro. ‘‘Eles estão endividados dentro da cadeia’’.

Fonte: Diário de Natal

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