sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Rapaz que mantém ex-namorada refém não deve ir para a cadeia, diz advogado

O advogado Eduardo Lopes, defensor do ajudante de produçãoLindemberg Fernandes Alves, 22, afirmou nesta sexta-feira que seu cliente não deve ir para a cadeia. O rapaz mantém a ex-namorada e uma amiga dela, ambas de 15 anos, reféns em um apartamento de um conjunto residencial de Santo André (Grande São Paulo) desde a última segunda-feira (13).

Analisando preliminarmente a situação, Lopes afirmou que os crimes a que seu cliente está sujeito são: privação de liberdade, porte ilegal de arma e disparo. Por esses crimes, o advogado disse que Alves deverá ser condenado a no máximo três anos de prisão, o que, em tese, o livraria da cadeia.

16.out.2008/Folha Imagem
Policiais do Gate negociam libertação de adolescente rendida pelo ex-namorado em Santo André, na Grande São Paulo
Policiais do Gate negociam libertação de adolescente rendida pelo ex-namorado em Santo André, na Grande São Paulo

Segundo o defensor, qualquer magistrado que venha a analisar o caso deve levar em consideração que o jovem não possui antecedentes criminais, trabalha, possui residência fixa e está agindo sob forte emoção. "Eu pretendo que ele [Alves] peça minha presença e saia comigo, abraçado, para definir a situação. Quero levá-lo ao 6º DP."

Este caso é diferente de todos os outros que ele costuma atender, segundo Lopes. Na maioria dos casos os seqüestradores fazem exigências que incluem vantagens financeiras e outros meios. "A única exigência é ficar ao lado da mulher amada. É uma prova de amor", disse.

Para Lopes, seu cliente não é comprometido pelo crime e não tem conhecimento jurídico para avaliar o que está acontecendo. "Ele não tem consciência do ato que está praticando. Quer apenas retomar o namoro."

O advogado elogiou a atuação do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais), da Polícia Militar, negocia a rendição, mas se recusou a comentar a decisão do grupo em devolver uma das reféns ao rapaz.

Expulsão

Na quinta-feira, o pai e o avô paterno de uma das meninas mantidas reféns por Alves foram expulsos da escola estadual utilizada como base da PM, ao lado do edifício onde acontecem as negociações. Os parentes da amiga da ex-namorada do rapaz afirmaram que não foram consultados pelos policiais sobre o retorno da garota de 15 anos ao cárcere.

Quando Alves entrou no apartamento, na tarde de segunda, ele rendeu, além da ex-namorada, uma amiga dela e dois garotos. Os adolescentes foram libertados no mesmo dia, e a amiga da vítima havia sido liberada na terça-feira. A garota foi enviada para negociar com o acusado e acabou sendo rendida novamente por Alves ontem.

O pai e o avô da garota dizem que foram pegos de surpresa quando souberam que ela voltaria ao apartamento. Eles afirmam que discutiram com policiais do Batalhão de Choque e foram retirados a força do local.

O coronel Eduardo Félix, do Batalhão de Choque da PM e um dos que chefiam as negociações, disse ter autorizado a ida da menina por acreditar que, assim, Lindemberg se entregaria sem ferir a ex-namorada --o que não ocorreu. Para especialistas, a medida foi um erro.

Na manhã desta sexta-feira, o pai e o avô paterno estavam na área reservada para a imprensa (bolsão de isolamento que entre ontem e hoje foi ampliado de 50 metros para 200 metros). Abalados, os parentes se negam a dar entrevista.

Fonte: Folha Online

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