quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Dor e revolta no enterro de adolescente morte por PM em Macau

Amigos e familiares da estudante Cintia Luciana Reis de Queiroz, 13, morta com um tiro na cabeça na quarta-feira passada durante o carnaval de Macau, esperam que seja feita justiça e que a morte da garota não fique impune.``Nós esperamos que seja tudo feito da forma correta. Sei que o Comando da PM já tomou as providências'', disse Roberto Queiroz, tio da vítima e policial militar.

A estudante foi morta por um dos três tiros disparados pelo soldado Ednaldo Manoel do Nascimento quando este se envolvia em uma confusão com mais três pessoas que estavam distantes do local onde a garota estava com alguns familiares por volta das 5h30.

Ela foi atingida na cabeça e morreu no local. Outras duas pessoas - João Maria dos Santos e Davi Charly de Souza - foram feridas pelo PM e passam bem. Informações da Polícia Militar afirmam que o soldado Ednaldo não estava de serviço naquele dia. O PM tentou fugir da cidade em uma moto, mas foi preso à altura de Baixa do Meio, distrito de Guamaré.

O PM foi autuado em flagrante pelo delegado Ailson Dantas, titular da DP de Ceará Mirim e que estava de plantão em Macau, por homicídio. Ele disse que o inquérito já foi remetido à Justiça e que o caso agora está com a Delegacia Regional de Macau.

Roberto Queiroz classificou o fato ocorrido com sua sobrinha como ``um fato isolado'', mas que ``a família quer justiça''. ``Ele tem que pagar pelo que cometeu'', declarou.

Ele disse que conhecia o soldado Ednaldo ``de vista''. ``Não tinha amizade com ele. Apenas nos vimos algumas vezes e nos cumprimentamos'', lembra. Roberto disse que tinha ouvido algumas coisas acerca do PM, mas ``preferia não comentar''. ``Vamos correr atrás de todos os meios legais nesse caso'', avisou.

O tio de Cintia disse que quando soube do fato pensou que fosse apenas um tiroteio. ``Depois é que mantive contato com algumas amigos meus policiais e eles me informaram do que se tratava'', disse. ``Ele agiu por imprudência'', comentou.

Outro tio da vítima, Manoel Freire de Queiroz Júnior, lamentou muito a morte da sobrinha e questionou a atitude do policial militar principalmente quanto às roupas usadas e as ``características de embriaguez do mesmo.

Ele contou o que aconteceu na manhã da quarta-feira passada. ``Ele (Ednaldo) estava perto do palco quando começou uma discussão com outras quatro pessoas que estavam próximas.

Segundo o tio de Cintia, o acusado aparentava estar embriagado. ``Ele vestia roupa de vagabundo e mexeu com a mulher de um dos homens, que foi tirar satisfação. Aí, o policial sacou arma e foi logo atirando. O primeiro tiro atingiu logo a minha sobrinha e os outros dois feriram de raspão outras duas pessoas'', narrou.

O arcebispo Dom Matias Patrício esteve no velório da estudante e também lamentou o ocorrido. ``Isso é uma falta de responsabilidade'', afirmou. Ele disse que foi ao velório ``para fazer uma prece por ela''. O clima no velório da estudante era de muita tristeza e revolta antes do sepultamento na manhã desta quinta no cemitério do Bom Pastor II.

O pai de Cintia, Rildo Queiroz, disse que a filha estava com alguns parentes e que vinham embora de Macau naquele dia. ``Aquilo foi uma atitude banal. É uma falta de segurança deixar uma pessoa assim andar armada, mas a impunidade é grande'', declarou.

Ele disse que a filha era uma pessoa muito querida e alegre. ``Sempre passamos o carnaval lá em Macau'', declarou. Pai de mais dois filhos, Rildo disse que Cintia era ``a filha do meio''. ``É um pesadelo grande'', afirma pai da estudante enquanto observava o corpo da filha dentro do caixão no centro de velório.

Fonte: DN Online

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