terça-feira, 5 de agosto de 2008

Pobreza diminui em seis regiões metropolitanas e número de ricos aumenta

O número de pessoas pobres caiu de 35% para 24,1% no período de 2003 a 2008 em seis regiões metropolitanas do país, segundo levantamento realizado pelo Ipea (Instituto de Pesquisas Econômicas Avançadas). A redução de quase um terço no percentual de pobres significa que cerca de 3 milhões de pessoas saíram da pobreza neste período. A expectativa para 2008 é que 11,3 milhões de pessoas estejam na linha da pobreza.

O levantamento do Ipea se baseia em dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas) e considera como pobres todas as pessoas com renda per capita igual ou inferior a meio salário mínimo, ou seja, R$ 207,50. Ao analisar a outra ponta da população, indivíduos pertencentes a famílias com renda mensal igual ou superior a 40 salários mínimos (R$ 16,6 mil), a pesquisa também mostra crescimento.

Em números absolutos, as famílias ricas, que eram 362 mil em 2003 devem chegar a 476 mil até o fim deste ano, segundo as estimativas do instituto. Neste período, a representação destas famílias na população brasileira passou de 0,8% para 1%.

"Isso mostra que o ganho de produtividade acumulado na economia não está sendo repassado para os salários. Ao não repassar esses ganhos, os produtores terminam formando um segmento mais privilegiado da população", avalia Márcio Pochmann, presidente do Ipea.

Pochman aponta como fatores que levaram à diminuição da pobreza a expansão da economia, a promoção de programas sociais e uma série de políticas mais focadas nos pobres, além do aumento de salário mínimo.

Para ilustrar como os ganhos na produtividade não chegam aos salários, a pesquisa usa dados da indústria brasileira, segundo os quais os ganhos chegaram a 22,6% entre 2001 e 2008. Neste mesmo período, a folha de pagamento por trabalhador cresceu 10,5%.

"O setor da indústria tem um sindicato muito forte. Se neste setor o ganho de produtividade não está sendo repassado para o salário, em outros setores a diferença deve ser bem maior", analisa Pochmann.

Os dados foram levantados nas seis maiores regiões metropolitanas no país: São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG), Porto Alegre (RS), Salvador (BA) e Recife (PE). O Ipea considera como rendimento apenas a renda proveniente da remuneração do trabalho, o que exclui qualquer tipo ganhos por investimentos.

Classe média

A participação da classe média na sociedade brasileira também cresceu nas regiões pesquisadas pelo Ipea. Em 2002, elas representavam dois terços da população nacional e agora chegam quase a representar quase três quartos da população.

"O Brasil está passando da pobreza absoluta para a pobreza relativa, se analisarmos a diferença entre a base e o topo da pirâmide", diz Pochmann. "A classe média emergente está aumentando", completa.

A avaliação de cada região metropolitana pesquisada mostra que Belo Horizonte apresentou a maior queda na pobreza. Em 2002, 38,3% das pessoas viviam abaixo da linha da pobreza. Em 2008, o percentual passou para 23,1%.

A análise dos números absolutos, contudo, São Paulo e Rio de Janeiro apresentam as maiores baixas na população mais pobre. Em São Paulo, a população com rendimento mensal abaixo de meio salário mínimo diminuiu em 1,152 milhão de pessoas, entre 2002 e 2008. No Rio, a redução foi de 571 mil pessoas. Vale lembrar que São Paulo e Rio de Janeiro são as duas regiões metropolitanas com a maior população do país.

Para 2008, o percentual de pobres em São Paulo deverá ficar em 20,7%, o segundo mais baixo entre as regiões analisadas pela pesquisa, atrás de Porto Alegre (20%). O maior percentual deverá ser o de Recife, com 43,1%, de acordo com as estimativas do instituto.

Da mesma forma, a região metropolitana de São Paulo contribuía com 50,9% do total de indivíduos com renda familiar acima de 40 salários mínimos em 2007. Esta participação era de 52,2% em 2002. O Rio de Janeiro abriga 21,4% dos que têm ganhos superiores a R$ 16,6 mil e foi a única região metropolitana a aumentar esta participação, ao lado de Belo Horizonte.

Mas, se no Rio a participação dos ricos teve aumento discreto, passando de 21,3% em 2002 para 21,4% em 2007, na região metropolitana da capital mineira a variação foi bem maior. Em 2002, a classe mais alta representava 6,9% do total verificado nas regiões metropolitanas. Cinco anos depois, chegou a 10,6%.

Fonte: Uol

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