segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Sistema de cotas muda perfil da universidade do RN

A implantação do sistema de cotas, que oportuniza metade das vagas (50%) para estudantes de escolas públicas, e o restante para os alunos de escolas particulares, tem contribuído para mudar o perfil da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). Com as cotas, está acabando a idéia de que ser universitário é coisa apenas ‘pra rico’.

Adotado pela UERN em 2004, o sistema é um divisor de opiniões, no que diz respeito à sua necessidade. Porém, o pensamento de que o mesmo coloca alunos de baixa renda em pé de igualdade com os de melhor poder aquisitivo, é praticamente unânime.

Para o vice-reitor da UERN, Aécio Cândido, o objetivo central da instituição, ao criar o sistema de cotas, foi justamente o de oportunizar a inclusão de pessoas de menor poder aquisitivo. “A abertura da universidade para um conjunto maior de pessoas é uma situação muito boa. Esse fato nos estimula cada vez mais a estar sempre buscando melhorar o nosso ensino, na medida em que mais alunos estão interessados em entrar na UERN”, destacou o vice-reitor.

Aécio Cândido ainda ressaltou que a mudança no perfil da universidade também pode ser observada quando se analisa a distribuição dos alunos nos cursos de licenciatura, e nos que, historicamente, apresentam maior concorrência. Ele diz que de acordo com os números, os estudantes de escolas públicas sempre preencheram mais da metade das vagas apenas nos cursos de licenciatura, como Pedagogia, Geografia e História, mas, por outro lado, a grande maioria ficava bem atrás no momento em que tentava uma vaga em cursos mais procurados, como Direito, Enfermagem e Administração. “Hoje, os alunos têm os mesmo direitos em todos os cursos”, conclui o vice-reitor.

O coordenador da Comissão Permanente do Vestibular (Comperve), Valdomiro Morais, pensa de forma semelhante. Para ele, “a divisão das vagas em cotas iguais mudou o perfil da UERN, e pode ser observada sob vários aspectos. Antes dessa iniciativa da universidade, a gente chegava naqueles cursos mais desejados, como Direito ou Enfermagem, e víamos que a maior parte dos aprovados aparentava ser de classe média/alta. Agora o quadro é outro, o pessoal de menor poder financeiro tem os mesmos direitos”, lembrou.

O diretor da Faculdade de Medicina da UERN (FACS), Antônio Leite, considera a iniciativa da instituição democrática e muito louvável, visto que corrigi uma injustiça, que é o desnivelamento da qualidade do ensino entre as escolas públicas e privadas. Entretanto, ele diz que “a mudança não deve parar no sistema de cotas. Cabe aos governos investirem em educação, pois só assim todas as pessoas terão chances iguais em todas as universidades”.

O aluno do quarto período do curso de Medicina da UERN, Márcio Gurgel, 29 anos, foi enfático ao dizer que o maior responsável para que ele conseguisse entrar na universidade foi o sistema de cotas. “O sistema ajudou bastante, tanto que eu tentei entrar na UFRN por muitos anos e nunca consegui. Só passei aqui principalmente devido às cotas”, assegurou Márcio.

Fonte: De Fato

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