A CPI das Escutas Clandestinas da Câmara aprovou nesta quarta-feira a convocação do ministro Nelson Jobim (Defesa) para esclarecer a denúncia de que a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) adquiriu ilegalmente maletas de interceptação telefônica. A informação teria sido revelada por Jobim durante reunião de coordenação política do governo no Palácio do Planalto, na última segunda-feira.
A CPI aprovou a convocação do diretor-geral afastado da Abin, Paulo Lacerda, e do diretor-geral da PF (Polícia Federal), Luiz Fernando Corrêa.
Reportagem da Folha afirma que a informação foi decisiva para o afastamento do diretor-geral da Abin, Paulo Lacerda, no episódio envolvendo o grampo ilegal do presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes. A reportagem afirma que a revelação surpreendeu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente José Alencar e outros seis ministros presentes na reunião de coordenação.
Por lei, a Abin é proibida de fazer escutas. A reportagem afirma que as maletas podem fazer grampos em celulares sem depender de operadoras telefônicas --e, por isso, em tese, sem a necessidade de autorização judicial. Com preço estimado em US$ 500 mil, o equipamento consiste em um laptop e uma antena acondicionada em uma pasta tipo 007.
O principal é um software que acompanha o computador, capaz de decodificar comunicação digitais criptografadas. A aquisição teria sido feita por sistema de compras do governo.
O presidente da CPI, deputado Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), disse que a comissão vai formar um grupo de deputados para acompanhar as perícias nas maletas compradas pela Abin. "Vou pedir que se inscrevam aqueles que querem participar do processo de perícia, do grupo que vai acompanhar essa perícia", afirmou.
Boca fechada
Em depoimento à CPI das Escutas Clandestinas da Câmara, o ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), general Jorge Armando Félix, disse que a única tecnologia realmente capaz de evitar grampos telefônicos é "não abrir a boca".
Para ele, as novas tecnologias permitem a execução de escutas telefônicas e ambientais em praticamente qualquer local ou ligação.
Félix confirmou a compra dos equipamentos pela Abin, em parceria com o Exército, mas disse não saber se as maletas têm capacidade de grampear telefones. O general disse que solicitou técnicos do Exército para analisarem as maletas com o objetivo de identificarem todas as suas funções.
Fonte: Folha Online
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