terça-feira, 28 de outubro de 2008

Greve deixa gestantes sem atendimento

Depois de passado os nove meses de gestação, a vontade de toda mãe é dar a luz e ver o filho de perto. Mas, depois da paralisação dos servidores da saúde e, em específico, dos anestesiologistas, as gestantes atendidas na Casa de Saúde Almeida Castro estão enfrentando problemas no atendimento em decorrência da greve. "Cheguei aqui no sábado (25) com a minha filha para ela parir e eles nos mandaram voltar pra casa porque não tinha como dar anestesia. Foi preciso brigar pra ela ser atendida", comenta a mãe de uma gestante que foi atendida no domingo (26), depois que a criança já havia passado da hora do nascimento. Cerca de 75% das gestantes que chegam à maternidade para fazer uma cesariana, por dia, estão voltando para casa sem fazer o parto.

Em Mossoró, dos nove anestesiologistas que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS) todos estão de braços cruzados, atendendo apenas a casos de urgência e emergência. Na pauta de reivindicação, a classe pede melhores condições de trabalho, reforma do prédio da maternidade e acusam a prefeitura de não cumprir com o acordo feito com a categoria.

Segundo o obstetra Manoel Nobre, que atende na Almeida Castro, a maternidade atende cerca de 20 pacientes por dia, quando não estão em greve, depois da paralisação essa demanda caiu para 25%. "Estamos atendendo as pacientes em situação mais grave. Estamos mandando algumas gestantes para Natal. No sábado (25), por exemplo, quatro mães foram encaminhadas para a capital", reforça Nobre.

"Sem anestesiologistas não temos como realizar o procedimento. Eu não posso ser imprudente em fazer algo do qual eu não fui treinado. Se algum procedimento der errado eu terei que me responsabilizar", argumenta Nobre, reforçando que "já houve caso do médico ter que aplicar a anestesia. Era tudo ou nada! Mas é muito arriscado", disse.

A situação ainda pode se agravar. Os obstetras também ameaçam entrar em greve a partir do próximo dia 31. Se a categoria paralisar os atendimentos, fica funcionando apenas o Hospital da Polícia Militar e a Maternidade Santa Luzia.

A gerente de saúde do município, Dorinha Bulamarqui, explicou não entender a situação, uma vez que, segundo ela, "a nossa parte está sendo cumprida. Arcamos com 150% de todos os procedimentos". A equipe de reportagem tentou manter contato com a direção da maternidade para ela se manifestar sobre o assunto, mas ninguém quis falar.

Fonte: De Fato

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