terça-feira, 28 de outubro de 2008

Prefeitos eleitos já prevêem redução dos investimentos

Eleitos com a promessa de realizar grandes obras nas suas cidades, futuros prefeitos de capitais de todo o país já se preparam para a possibilidade de cortar investimentos no próximo ano para enfrentar a crise econômica internacional.

Os planos em estudo prevêem o contingenciamento de parte dos Orçamentos municipais de 2009, o adiamento de obras e a redução nas despesas de custeio. As áreas sociais, afirmam os futuros administradores, terão prioridade e não deverão ser afetadas.

Em Belo Horizonte (MG), o prefeito eleito, Marcio Lacerda (PSB), disse que, apesar de ter feito um plano de governo "pé no chão" e sintonizado com o Orçamento "conservador" de 2009, promoverá ajustes se a crise econômica assim exigir. Eventuais cortes, afirmou ele, deverão ser feitos em obras.

Segundo Lacerda, o Orçamento de 2009, de R$ 6,1 bilhões, leva em conta um crescimento econômico nacional de 4,5% do PIB (Produto Interno Bruto). "Se [o crescimento] for menor, da ordem de 3%, será preciso fazer algum ajuste", disse. "Alguma obra terá de ser postergada, mas sem prejuízo das ações sociais", afirmou.

O Orçamento de 2009 encaminhado ao Legislativo de BH reserva cerca de R$ 1,5 bilhão para obras. Lacerda disse que vai adequar a situação de curto prazo ao planejamento sem a necessidade de "choques".

Em Curitiba (PR), a prefeitura, comandada pelo prefeito reeleito Beto Richa (PSDB), elaborou um plano de contingência que prevê a retenção de ao menos R$ 50,4 milhões no Orçamento de 2009, caso a crise se instale no país. Entre as possíveis medidas, estão o adiamento de licitações e o corte de despesas de custeio.

Em Porto Alegre (RS), o contingenciamento de investimentos previstos no Orçamento do próximo ano também já está decidido. O prefeito reeleito, José Fogaça (PMDB), só não definiu ainda o tamanho do ajuste e as áreas que serão atingidas. A decisão só deverá ser conhecida em dezembro.

Em Recife (PE), o prefeito eleito, João da Costa (PT), disse que a perspectiva do seu primeiro ano de administração é de redução de gastos. Costa também afirmou que, se necessário, fará ajustes e criará um plano de contingência para controlar as despesas.

Segundo ele, ainda não há definição das áreas que poderão sofrer cortes. "Em novembro, vamos reunir as equipes de transição e avaliar a situação, porque ainda não há um quadro consolidado", declarou. Costa acredita que os investimentos do PAC (Plano de Aceleração do Crescimento) poderão compensar as eventuais perdas de arrecadação.

Em Salvador (BA), o prefeito reeleito, João Henrique Carneiro (PMDB), disse que não se precipitará para tomar decisões, mas confirmou que adotará medidas se necessário. "Se a crise chegar forte ao Brasil, vamos ter que cortar gastos, mas é preciso esperar para ver o que vai acontecer", afirmou.

Em Fortaleza (CE), a perspectiva de a crise atingir a economia local ainda não afetou o projeto de lei orçamentária enviada pela prefeita reeleita, Luizianne Lins (PT), à Câmara Municipal. O projeto prevê gastos 15,48% maiores do que os previstos para 2008, totalizando R$ 3,4 bilhões.

Fonte: Folha Online

Nenhum comentário: